Ouvi uma música da Patti Smith, Constantine’s Dream que fala sobre São Francisco. Ouvi no mesmo dia, enquanto dirigia, a música da Madonna que fala sobre São Pedro. Coincidências da vida.
*
Acho que o ponto alto daquele dia foi ter visto Rolling Stones e Paul McCartney no One World: Together At Home. Não assisti na hora, pesquei no YouTube depois. Continuei lendo Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente e vi muito machismo e até gordofobia. Quando finalmente terminei o livro percebi que ele conseguiu ser pior que Daisy Jones and The Six. Dei nota 1 no Skoob. Pelo título, criei altas expectativas. O que pode dar errado num livro com esse nome, gente? A resposta é TUDO. Personagem principal cheio de ideias deturpadas sobre pessoas gordas, por exemplo. Sobre a escrita, digamos que ela é peculiar. Errada não tá. Mas o excesso de parênteses me irritou demais. É um tal de abre parênteses, aí abre mais um, abre outro, depois fecha com três ))) que NOSSA. Os P.S. chegaram a VINTE. Quem escreveria, sendo pessoa sã, 20 P.S. numa carta? Fora o final. Só uma palavrinha pode descrever: bosta.
*
O projeto ler só mulheres tem decaído demais agora em 2020. Claro que abro exceções para alguns homens, como Machado de Assis. Mas agora só tenho homens aqui pra ler, me parece. José Alencar que o diga, foram dois dele seguidos: Ubirajara e O Gaúcho. Não sei se devo comprar mais livros para ter o que ler em mãos. Queria um Kindle. Me convenci disso depois do noivo me falar mais de uma vez para comprar.
*
Dois dos livros da quarentena tem em comum o cenário do Rio Grande do Sul. Em Luzes de Emergência se Acenderão Automaticamente, Henrique, o escritor das cartas para Gabriel – seu amigo em coma – mora em Canoas, cidade de um dos meus tios. Em O Gaúcho, como o nome já sugere, os pampas são o cenário, passando por Porto Alegre, meu amorzinho.
*
De novo estou escrevendo ao som de Patti Smith. Acho que algo nela em si me incentiva a escrever, não só de lê-la. A versão dela para Changing of the Guards do Dylan é linda e estou viciada!
*
Estava assistindo a um vídeo, onde se fala que o efeito assustador da quarentena é que não temos uma previsão de fim. O moço do vídeo cita que em uma viagem, por exemplo, é desconfortável, mas sabemos que vamos chegar, nossa mente cria um “arco” de tempo. Quando fui aos Estados Unidos pensei que nunca mais queria viajar de avião para tão longe, 11 horas de voo, porque é desconfortável demais. Mas já esqueci o desconforto e estou disposta a ir um dia novamente. Isso me fez lembrar de um papo que tivemos entre mulheres um dia na casa do meu irmão. Que a mente esquece propositalmente as dores do parto, para que a mulher venha a engravidar de novo. Interessante, pensei. Não quero nem imaginar essa dor, que um dia ainda sentirei.
*
Esses dias também vi a live do Danny Jones, do McFly. Ele cantou Bruce Springsteen. Saí no logo em seguida, bateria do celular estava fraca e tinha chimarrão com a mãe e o noivo me esperando. Mais tarde, optei pelo som de Hallellujah do Jeff Buckley, o bonito moço que morreu precocemente. Música tem me salvado nesses dias de quarentena, tanto quanto os livros. Comecei mais dois livros, falando neles. Não tenho muito controle.
*
Enquanto lia Cortella (Por que fazemos o que fazemos?) ouvi Yann Tiersen, aquele que criou a trilha sonora de Amelie Poulain. Até terminar o livro, Tiersen foi a trilha sonora. Me relaxou para eu poder entender as ideias do Mario Sergio.
*
Ouvi também No Doubt. Indicação do noivo. Me lembro que comecei a usar batom vermelho com os cabelos descoloridos por causa da Gwen. Ela toda linda sustentando o batom na boca. Eu era só uma garota com cabelo de gema de ovo usando o tom errado nos lábios, só não sabia disso.
*
Conheci a francesinha Françoise Hardy. Não sei de que época ela é, mas agora já é idosa, e tem musiquinhas deliciosas de se ouvir, com ritmo super atual. Espero procurar mais do trabalho dela.
*
Por acaso, fui pesquisar a Françoise para lembrar de ouvir mais músicas e descobri que ela é da década de 60, talvez início de 70 também. Gostei ainda mais.
*
Li um texto enorme na Revista Serrote, sobre o coronavírus e o que temos passado no isolamento social, da escritora de “Os Homens Explicam Tudo Para Mim”. Quis escrever longamente que nem ela. Mas não tenho ideias. Sou mais direta.
*
Cortei o cabelo em casa, me sinto diva alternativa fazendo isso. Mas com a ajuda da mãe, é claro, para não ficar despontado. Me sentindo mais cult ainda pois ouvi Édith Piaf.
*
Em tempos de COVID-19 a moda se portará como? Quero dizer, agora, nesse momento, o mais básico é usar pijamas e roupas confortáveis, além de máscaras, a gente sabe. Mas e depois, como a moda vai se reinventar? Eu não sei, não tenho essas respostas. Na palestra “Moda e COVID-19” do André Carvalhal em parceria com a Afeto Escola, ele mesmo diz que não tem como prever nada. NADA mesmo. Se prevíssemos, saberíamos antes dessa pandemia, certo? Enfim, em matéria da FFW li algo interessante: o comportamento, que também tem a ver com moda, das pessoas sim, vai mudar. Umas vão comprar loucamente, para suprir o tempo que ficaram sem compras. Vão exagerar na dose. Outras, vão pensar mais nas compras, não comprar nada, refletir e exigir roupas melhores, de maior qualidade, esquecendo-se de fast fashion. Parece que o futuro é conforto, pijama para sair de casa, máscaras combinando com acessórios ou compras totalmente desequilibradas. 8 ou 80.
*
“I'll be coming home” foi basicamente o que pensei esses dias ao começar ouvir Avenged Sevenfold. É que eles são, de certa forma, parte de mim, logo, da minha casa, pois me habito. Ouvir Avenged nessa quarentena, para mim, é sentir o famoso quentinho no coração que a gente tanto quer ter. Os dias são todos iguais. Hoje é ontem? Amanhã será depois de amanhã? Não sei. Mas a quebra da atual rotina, a insistência em ouvir Avenged, pode sim me salvar agora.
*
Às vezes, tenho feito exercícios em casa. Esses dias foi dança, com I Love Me da Demi Lovato sendo uma das músicas. Esse som mexe comigo. Ela fala de mim. I wonder when I love me is enough... o fato é que depois, na aula, vieram outras músicas, que eu nem conhecia. Dancei-as como se não houvesse amanhã. Cansei. Suei muito. Tive que correr tomar banho. Dois dias depois, fiz uma aula de abdômen com o canal blogilates, junto com o boy. Cansamos também.
*
Fui ao mercado e percebi que, ao precisar que uma moça me desse licença com o carrinho dela para eu poder passar, sorrimos com os olhos. As máscaras escondiam nossas bocas, mas não nossos sorrisos. Depois, virei pro noivo e sorri com os olhos para ele, que entendeu, sorriu de volta, com os olhos, sempre com os olhos. COVID-19 não vai tirar nossos sorrisos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário