Nessas promessas de ano novo, eu decidi que leria mais livros escritos por mulheres. Mas claramente sou dessas que vai adiando os planos até onde dá. Dia desses, li em alguma newsletter sobre o livro “Alucinadamente Feliz”, que falava sobre depressão de uma maneira cômica, escrito por uma mulher. E eu pensei: “por que não?” e olha, foi a melhor decisão de leitura dos últimos tempos (e com certeza a melhor decisão que eu poderia tomar agora)! Minha vida passou a ser dividida entre AJL (Antes de Jenny Laswon - autora do livro) e DJL (Depois de Jenny Lawson).
Comecei o livro esperando que fosse mais um daqueles de "auto zoeira", onde toda situação difícil vivida pelo autor é transformada em ridícula. Mas não é bem assim. Jenny vive coisas que eu pensava que só acontecessem comigo. E ela mostra que acontece com muito mais gente do que achamos. Ela entende totalmente como é ter depressão, crises de ansiedade, como é ter a mente te falando coisas terríveis a todo instante. E sabe também como é pesada a carga de levantar da cama em certos dias. Ela também passa por situações em que precisa se esconder do mundo e finge que não está em casa quando não consegue receber pessoas por causa de sua condição. Desconfio que ela também desmarque compromissos por causa de alguma crise com a desculpa de “não vai dar porque vou almoçar com minha tia, meu cachorro está com gripe canina, ou insira aqui qualquer outro clichê”. Me senti compreendida, como se eu tivesse uma amiga que entendesse tudo o que eu passo. Porque acho que uma das piores coisas na depressão é quando as pessoas acham que é preguiça sua, falta de esforço, fraqueza, como se bastasse tomar uma atitude, levantar da cama e sair por aí aproveitando a vida porque tem pessoas que sofrem mais do que você. Culpam o depressivo por ter depressão, como se ele escolhesse sofrer. Jenny faz uma comparação que, embora pareça absurda, é incrivelmente válida: falar para um depressivo “levante a vá viver, é fácil, você que está complicando as coisas” é a mesma coisa que falar para uma pessoa que acabou de perder seu braço “coloque seu braço de volta, é fácil, você que está complicando as coisas”.
Jenny me fez rir muito com suas historias. Fez com que eu me sentisse compreendida e abraçada. Me transportou pra Austrália junto com ela, numa viagem que fez. Em muitos momentos pensei “é claro que ela não fez isso de verdade, só escreveu pra ser engraçadinha” e em seguida a surpresa: fotos comprovando o quanto ela está sendo alucinadamente feliz fazendo suas maluquices. Em outros momentos, me cutucou lá no fundo, me levou numa viagem para dentro de mim. E eu chorei. Lembrei de situações que passo com pessoas que eu sei que me amam, se preocupam comigo, mas não entendem a doença que tenho. E que, em vez de ajudar, estão me colocando mais pra baixo quando falam pra eu “ir viver”. Porque minha mente recebe isso como “olha como você é fracassada, não merece nada do que tem, culpa sua viver nesse estado”. E as vezes eu sinto vontade de morrer. De dormir e não acordar mais para ter que encarar meu dia a dia. Me sinto incapaz. Mas Jenny me lembrou que estamos vivas, que já lutamos com esses nossos monstros internos e vencemos outras vezes.
E, depois de anos de terapia e remédios, sou quase normal. As vezes tenho minhas crises, luto diariamente para conseguir levantar da cama. As vezes choro escondida no meio da noite, as vezes chega o fim do dia e eu desabo numa crise de ansiedade. As vezes desconto na comida com a minha tão conhecida compulsão alimentar. As vezes fujo de compromissos como o diabo foge da cruz. Mas tenho orgulho de dizer que, na maioria das vezes, eu venço a guerra contra eu mesma. E é um alívio perceber que eu sou capaz, que eu valho muito, que eu consigo me superar. Obrigada, Jenny, por me lembrar disso!
Comecei o livro esperando que fosse mais um daqueles de "auto zoeira", onde toda situação difícil vivida pelo autor é transformada em ridícula. Mas não é bem assim. Jenny vive coisas que eu pensava que só acontecessem comigo. E ela mostra que acontece com muito mais gente do que achamos. Ela entende totalmente como é ter depressão, crises de ansiedade, como é ter a mente te falando coisas terríveis a todo instante. E sabe também como é pesada a carga de levantar da cama em certos dias. Ela também passa por situações em que precisa se esconder do mundo e finge que não está em casa quando não consegue receber pessoas por causa de sua condição. Desconfio que ela também desmarque compromissos por causa de alguma crise com a desculpa de “não vai dar porque vou almoçar com minha tia, meu cachorro está com gripe canina, ou insira aqui qualquer outro clichê”. Me senti compreendida, como se eu tivesse uma amiga que entendesse tudo o que eu passo. Porque acho que uma das piores coisas na depressão é quando as pessoas acham que é preguiça sua, falta de esforço, fraqueza, como se bastasse tomar uma atitude, levantar da cama e sair por aí aproveitando a vida porque tem pessoas que sofrem mais do que você. Culpam o depressivo por ter depressão, como se ele escolhesse sofrer. Jenny faz uma comparação que, embora pareça absurda, é incrivelmente válida: falar para um depressivo “levante a vá viver, é fácil, você que está complicando as coisas” é a mesma coisa que falar para uma pessoa que acabou de perder seu braço “coloque seu braço de volta, é fácil, você que está complicando as coisas”.
Jenny me fez rir muito com suas historias. Fez com que eu me sentisse compreendida e abraçada. Me transportou pra Austrália junto com ela, numa viagem que fez. Em muitos momentos pensei “é claro que ela não fez isso de verdade, só escreveu pra ser engraçadinha” e em seguida a surpresa: fotos comprovando o quanto ela está sendo alucinadamente feliz fazendo suas maluquices. Em outros momentos, me cutucou lá no fundo, me levou numa viagem para dentro de mim. E eu chorei. Lembrei de situações que passo com pessoas que eu sei que me amam, se preocupam comigo, mas não entendem a doença que tenho. E que, em vez de ajudar, estão me colocando mais pra baixo quando falam pra eu “ir viver”. Porque minha mente recebe isso como “olha como você é fracassada, não merece nada do que tem, culpa sua viver nesse estado”. E as vezes eu sinto vontade de morrer. De dormir e não acordar mais para ter que encarar meu dia a dia. Me sinto incapaz. Mas Jenny me lembrou que estamos vivas, que já lutamos com esses nossos monstros internos e vencemos outras vezes.
E, depois de anos de terapia e remédios, sou quase normal. As vezes tenho minhas crises, luto diariamente para conseguir levantar da cama. As vezes choro escondida no meio da noite, as vezes chega o fim do dia e eu desabo numa crise de ansiedade. As vezes desconto na comida com a minha tão conhecida compulsão alimentar. As vezes fujo de compromissos como o diabo foge da cruz. Mas tenho orgulho de dizer que, na maioria das vezes, eu venço a guerra contra eu mesma. E é um alívio perceber que eu sou capaz, que eu valho muito, que eu consigo me superar. Obrigada, Jenny, por me lembrar disso!
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