Dizem que a hora do banho é uma hora reflexiva. Hoje,
enquanto eu tomava banho para me arrumar pra ceia de Natal que vai acontecer
mais tarde na casa da minha irmã, pensei em diversos outros Natais que tive,
especialmente aqueles da minha infância. E senti saudade. Uma saudade boa, que me fez lembrar do
aroma das frutas que enfeitavam a mesa, das músicas natalinas que a gente deixava
tocar, do champagne sem álcool servido para as crianças a meia noite, dos fogos de artíficio vistos pela varanda da casa da minha irmã e de todos os parentes e amigos reunidos juntos, numa única celebração. Também me bateu uma saudade incômoda, de saber que toda aquela magia já não volta mais, que
eu cresci e entendi que Papai Noel não existe e que o feriado
todo é mais comercial do que fraternal. Sei que nunca mais reuniremos todos os
parentes em uma grande festa, com ceia farta e casa cheia. Uns porque se
afastaram, outros porque já não estão entre nós.
Mas antes que eu caísse completamente no lado ruim do
Natal, consegui focar nas minhas lembranças boas. Em casa, em todos os Natais
alguém se vestia de Papai Noel e entrava no espaço onde as crianças estavam. Então, eu esperava ansiosa a hora que o bom
velhinho chamaria meu nome, pra eu receber um presente e tirar uma foto. A
alegria era também dos adultos, embora eles já soubessem que tudo era uma
armação. Por alguns anos, na minha fé inabalável de criança, no momento em que o relógio marcava meia noite, eu
reservava alguns minutinhos pra pensar em Jesus e agradecer. E então, já cheia
de presentes, que eu acreditava que tinham vindo diretamente do Pólo Norte, começávamos a
revelar o amigo secreto. Depois de tudo, só
restava sono e cansaço, de uma menininha que dormia as 22h da noite e que podia
ficar acordada e festejando até as 3 ou 4
da madrugada nesse dia especial.
Pouco antes de sair do meu banho, relembrei do quanto era difícil esperar a hora
da ceia, que só podia ser consumida depois das 24h. As comidas expostas cuidadosamente em cima da
mesa só me deixavam com mais vontade de
sair devorando tudo. E lembrar que na semana seguinte seria o mesmo sofrimento à espera do Ano Novo. Qual não foi
meu espanto
quando abri o Notebook, entrei no Facebook e me deparei com essa tirinha, da página Bode Gaiato:
E foi assim que eu soltei uma gargalhada depois de
tanta nostalgia, que sinceramente, já estava me sufocando. No fim das contas,
independentemente do que hoje o Natal significa pra mim, é sempre bom lembrar
que posso sorrir com coisas simples. E espero que essa alegria não seja fruto
só do “espírito do natal”, porque, como um sábio um dia me disse, esse tal “espírito”
é mau, afinal, sentimento de solidariedade e esperança deveriam ser regra para
todos os dias do ano.
FELIZ NATAL!
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