domingo, 22 de março de 2015

Minha saga com o slow fashion

Dica encontrada aqui


Quando eu era criança (alô anos 90!) me lembro que volta e meia recebia uma sacola de roupas da minha sobrinha que mora em São Paulo (é, tenho sobrinha mais velha). Eram roupas que não serviam mais nela, afinal, pessoas crescem, mudam de corpo, modificam seus gostos pessoais. Tudo sempre estava em bom estado e muitas peças me agradavam demais. E eu usava até me cansar e então mandava para uma prima mais nova, que morava em Curitiba. Época boa em que roupas duravam!

Do mesmo modo minha outra sobrinha, que tem minha idade, recebia algumas peças e encaminhava outras para outros membros da família. Claro que não vivíamos só de roupas usadas, tínhamos também nossas peças recém compradas ou até costuradas pela minha mãe e minha irmã (que sempre costuraram. Inclusive, quando elas moravam em São Paulo, criavam roupas de crianças e vendiam. Minha mãe é uma costureira de mão cheia, que hoje já não cria mais roupas porque mudou de ramo, mas quando jovem trabalhou até em confecções).

Eu lembro que tinha um brechó ENORME perto de casa e que eu sempre ia lá com a minha mãe quando precisava de uma peça “nova” para sair, um vestido ou até figurinos para apresentações de escola. Óbvio que também comprava roupas novas em lojas, mas o que quero ressaltar aqui é a frequência em que isso acontecia: raramente.

Há alguns anos atrás eu sofria quando queria usar alguma tendência porque elas demoravam para chegar no mercado (cerca de um ano). E quando chegavam, eram em grandes capitais e não na minha cidade (Sorocaba, interior de SP). Hoje a situação mudou tanto que parece que estou escrevendo sobre a época da minha avó. Temos acesso ao fast fashion (moda rápida) onde mal vimos pela internet o desfile da marca X e já podemos sair em seguida e encontrar as peças em qualquer loja.

Quando descobri que não queria ter o guarda-roupa da Paris Hilton
Desde que vi o filme Bling Ring sonhava com aquele closet enorme e cheio de roupas caras da Hilton. Mas aposto que Paris não usa nem metade daquilo tudo. De que adianta ter tantas coisas se não se usa? Eu abro o meu humilde guarda-roupa e vejo muitas peças acumuladas por lá. Tenho várias sem uso, outras que só depois de muito remexer encontro perdida lá no meio, ou seja: nem lembro que as tenho. Tudo culpa das muitas compras que fiz por impulso, para acompanhar o lançamento desenfreado de novas tendências, coleções e microcoleções. E eu não quero mais isso. Quero mudar meu consumo, quero dar valor a uma boa peça, quero questionar de onde vem o que eu visto, quero comprar menos e ser mais grata ao que tenho, quero manter meu estilo intacto, quero costurar mais, quero criar minhas próprias roupas, quero comprar roupas de segunda mão, quero doar as que já não me servem ou as que não combinam mais comigo. Quando comecei a me sentir incomodada com meu guarda roupa, que aconteceu na época em que participei do Concurso Sesi Cria Moda Sustentável (da qual fui uma das finalistas) conheci o movimento slow fashion, termo criado em 2008 pela consultora de Design Sustentável Kate Fletcher. A proposta é desacelerar o consumo, dar valor a durabilidade das peças e voltar a ter práticas mais parecidas com as da minha infância: brechós, costureiras, pouca compra, troca de peças, valorização do profissional que faz a peça, qualidade da roupa a ser comprada. É ser mais ético e mais sustentável quando o assunto é vestimenta.

Vou começar essa semana organizando o guarda-roupa e volto mais tarde com detalhes, com mais posts relacionados a isso, com outras questões levantadas, com dicas, etc. 

:*

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