Eu nunca fui muito fã de poesia, nem se quer arrisquei ler muitas nos meus vinte e tantos anos de vida, mas agora consigo pelo menos entender o por quê disso. Tirando algumas exceções, como “O Corvo” de Edgar Allan Poe, meu consumo desse tipo de conteúdo é praticamente nulo. Em partes, porque pouco entendo. Sempre achei que precisava-se ter uma vasta bagagem para conseguir compreender alguns versos, que isso era tarefa para poucos, que eu jamais entenderia as referências e até pensei que “não tenho alma de poeta para entender outro poeta”. Até que me deparei com uma ideia de que a poesia tem mais a ver com sentir, não com necessariamente entender tudo que está escrito e isso ficou guardado na minha mente. Eu sempre coloquei empecilhos para ler esse gênero, porque achava que teria que parar em cada palavra, pesquisar a vida do autor, entrar na mente dele, ler várias interpretações, para então fazer sentido. Ou seja, eu tirava todo e qualquer prazer que pudesse ter com esse tipo de leitura. Aí é como ler livro obrigado na escola: a gente pega birra mesmo.
Esse ano surgiu em minha caixa de entrada essa edição da newsletter Cartinha de Banalidades, escrita pela Stephanie Borges, onde a autora diz que “Chegamos ao ponto de haver pessoas que consideram não saber ou não conseguir ler poesia, e acho que muito disso é culpa da escola. Fala-se da poesia como gênero literário, figuras de linguagem e interpretação de texto mas não como uma ferramenta para lidar com a vida.” Foi como se eu fosse autorizada a ler poesia sem me preocupar com estudar tudo que envolve um verso, antes de saboreá-lo.
Fiquei com essas palavras ecoando em minha cabeça. O fato de eu sempre ter gostado de O Corvo, é porque muito li sobre ele e sobre seu autor (Poe!) e consegui entender tudo escrito alí. Claro que ainda sobrou espaço para sentir aquelas palavras, mas não foi de primeira que consegui. Me custou mais de uma leitura atenta. Confesso que a primeira vez, não fez muito sentido. E acho que minha paixão por esse poema tem muito a ver com tudo que acumulei sobre ele. Mas eu jamais conseguiria gostar de poesia se eu tivesse que fazer isso com todo poema lido.
Esse ano surgiu em minha caixa de entrada essa edição da newsletter Cartinha de Banalidades, escrita pela Stephanie Borges, onde a autora diz que “Chegamos ao ponto de haver pessoas que consideram não saber ou não conseguir ler poesia, e acho que muito disso é culpa da escola. Fala-se da poesia como gênero literário, figuras de linguagem e interpretação de texto mas não como uma ferramenta para lidar com a vida.” Foi como se eu fosse autorizada a ler poesia sem me preocupar com estudar tudo que envolve um verso, antes de saboreá-lo.
Fiquei com essas palavras ecoando em minha cabeça. O fato de eu sempre ter gostado de O Corvo, é porque muito li sobre ele e sobre seu autor (Poe!) e consegui entender tudo escrito alí. Claro que ainda sobrou espaço para sentir aquelas palavras, mas não foi de primeira que consegui. Me custou mais de uma leitura atenta. Confesso que a primeira vez, não fez muito sentido. E acho que minha paixão por esse poema tem muito a ver com tudo que acumulei sobre ele. Mas eu jamais conseguiria gostar de poesia se eu tivesse que fazer isso com todo poema lido.
Outro texto poético que mexe comigo é “O Uivo” de Allen Ginsberg, que em partes devo ao filme, que o ilustrou muito bem, aumentando minha compreensão. Fora esses, ainda guardo no coração alguns escritos mais conhecidos, como os que estudamos na escola, ou que me chamaram a atenção por algum verso e eu busquei disseca-lo, com mais leituras acerca, como é o caso de “Navegar é preciso”, de Fernando Pessoa. Ano passado, me apaixonei por Reverência ao Destino por culpa de (pasmem) uma citação do Padre Marcelo Rossi. Quando escrevi sobre “solidão” para a obvious, acabei lendo alguns poemas sobre o tema que gostei e citei os versos aqui. Em 2015, li “Um útero é do tamanho de um punho”, livro de poesias da Angélica Freitas e confesso que naquele momento cresceu um desejo de consumir mais poesia, mas que vinha acompanhado de medo.
A decisão, esse bicho muitas vezes atrasado, só veio mesmo nesse 2017, depois de ler essa edição de No Recreio, newsletter escrita por Anna Vitória Rocha, citando o poema Sob Uma Estrela Pequenina, de Wislawa Szymborska. Que poema, gente! Eu me lembrei daquela coisa sobre sentir o texto porque foi exatamente isso que me aconteceu: eu consegui sentir. E aí sim fez mais sentido do que se eu tivesse sentado e procurado a biografia completa de Szymborska ou se tivesse pesquisado a etimologia de cada palavra.
Depois disso, fui procurar nos meus livros e encontrei Baladas, da Hilda Hist. Juntando com a minha meta para esse ano de ler mais mulheres e mais autores brasileiros, o livro caiu como uma luva, tanto é que ele furou minha fila de leituras. E pela primeira vez, eu me permiti sentir, antes de me preocupar em entender. De escrita fácil, Hilda nos presenteia nesse livro com poesias que falam com a alma. A identificação que rolou com sua escrita foi maravilhosa e eu queria mesmo que mais pessoas sentissem isso.
Vejam bem, não estou defendendo que paremos de interpretar textos, de pesquisar referências, de entender mais sobre o universo do autor. Mas assim como começamos a ler livros mais leves na infância para depois evoluir para os de teoria, por exemplo, acho que gostar de poesia pode ser assim: começando com palavras simples que te toquem e depois, se realmente despertar interesse, passar para os mais “pesados”, com palavras difíceis, cheias de particularidades. E tudo bem ler um poema e interpretar totalmente diferente do que se esperava. A graça pode estar justamente aí: o autor planejou x, mas você encontrou antes o y. Depois você pode descobrir as reais intenções e tudo pode ficar mais claro! Assim como uma professora que tive na faculdade nos disse (e eu nunca esqueci), se te fez sentir algo, a arte cumpriu o seu papel. Vai ver o papel da poesia também é esse: te fazer sentir.
É cedo ainda para dizer que agora gosto de poesia, mas quero deixar claro que minhas tentativas com o gênero só começaram. Espero em breve voltar para contar sobre como me apaixonei por poemas e afins.
Enquanto isso, fiquem com o link de um dos meus poemas preferidos de Hilda em Baladas, que postei aqui. E só pra dar mais um gostinho bom, mais uns versos dela pra finalizar:
É cedo ainda para dizer que agora gosto de poesia, mas quero deixar claro que minhas tentativas com o gênero só começaram. Espero em breve voltar para contar sobre como me apaixonei por poemas e afins.
Enquanto isso, fiquem com o link de um dos meus poemas preferidos de Hilda em Baladas, que postei aqui. E só pra dar mais um gostinho bom, mais uns versos dela pra finalizar:
Me fizeram de pedra
quando eu queria
ser feita de amor.
(Hilda Hist)
quando eu queria
ser feita de amor.
(Hilda Hist)
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