quinta-feira, 29 de julho de 2021

Tá passando pela sua rua o carro da vacina

Enquanto você lê, estou performando imunizada com Caetano ao fundo. Logo serei imunizada completamente, ainda com Caetano.

Olha se não é ela... a Pfizer! Mas também a Coronavac, a Astrazeneca, a Janssen. Qualquer uma, tanto faz. Todas funcionam, todas estão aí, de graça, para salvar sua vida. Nunca se falou tanto em marca de vacina. Me fala aí qual é que foi a marca da sua vacina de quinze anos? Aposto que você não sabe nem que ela foi feita para proteger o corpo contra a difteria, o tétano e a coqueluche acelular. Pois é. Agora tem gente querendo escolher a marca da vacina que protege contra a covid-19, uma doença pandêmica, que vem matando milhões de pessoas pelo mundo.

Aqui em casa somos bem diversificados. Minha mãe tomou Coronavac, meu noivo Pfizer (tá passada?) e meus irmãos e eu Astrazeneca. Vacinei e me sinto invencível, grata e feliz. Viva o SUS!

Não postei foto em lugar nenhum. Me arrependi. Se o governo não faz o marketing da vacinação, a gente tem que fazer sim. E é um momento feliz e vacinar depois de mais de um ano de espera é emocionante pra c@r@lho! Eu, que quase não uso palavrão, preciso admitir: somente o som de um palavrão chega perto de expressar o que senti! A emoção começou já na espera para tomar a vacina. Para mim, foi simbólico: na Universidade de Sorocaba, local onde me formei em Comunicação Social (Jornalismo). Escolhi tomar lá apesar da distância, porque perdi um amigo muito querido da época da faculdade para a covid-19. Foi meu jeitinho de homenageá-lo.

Queria lamber um corrimão assim que os 0,3 mL de vacina entraram dentro do meu corpo, mas ainda não é a hora. Precisamos continuar nos cuidando. Passar álcool em gel, sempre que puder lavar bem braços e mãos, não tirar a máscara de jeito nenhum, NEM SONHAR com aglomerações e ficar em casa o máximo possível. Ainda há os não vacinados, ainda há os que fogem da vacina quando não é de uma marca específica.

E agora, uma palavra transformada em peça decorativa no consultório da minha psicóloga vem a calhar: PACIÊNCIA. As vezes, sair de casa não é sua escolha. Então, proteja-se com a higiene adequada!

Em menos de três meses tomarei a segunda dose. E continuarei me cuidando. ME CUIDAREI O TEMPO QUE FOR NECESSÁRIO. Por mim, pela minha família, por você, pela sua família e por todos aqueles que negam. E também por todos aqueles que escolhem qual imunizante tomar. Aqui, um apelo: junte-se a mim! Um mundo melhor vai chegar se a gente cooperar.

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Teu silêncio é ensurdecedor

 

Esse texto tinha inicialmente 4 laudas e meia. Diminuí para caber no blog, assim, de boinha. Não é jornalístico, mas a contagem pode ser, não é? Ao melhor jornalista que já conheci, fica aqui minha homenagem.
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O ano era 2009. Auditório do bloco D da Universidade de Sorocaba. Um caderno das Jolie em minha frente, a loirinha, especificamente. Sinal para o intervalo. Todo mundo se dirige para a porta de saída, quando você surge do meu lado, aponta para o caderno e solta um "olha, é você" ou algo parecido. Gargalhadas suas vieram em seguida, junto com um sorriso tímido meu. Esse foi meu primeiro semestre de faculdade e esse foi meu primeiro contato contigo. Corta para agora. Algo inquietante me faz escrever. Ainda é irreal o que te aconteceu. Desde 2016, mais ou menos, eu não te via. Mas meus sentimentos bons em relação a você voltaram como se fosse na época em que estudamos juntos e éramos próximos. Claro, ultimamente você tinha milhares de amigos mais chegados, mas eu acredito ter significado algo para você. Estou triste, fiquei devastada, chorei e me senti falsa por causa do tempo sem te ver. É difícil acreditar que vivo num mundo em que você não existe mais. Comemorei suas vitórias aparecendo na TV e em cada texto que lia seu, sem você saber. Acompanhei seu trabalho com um orgulho de quem te conheceu e conviveu contigo. Não estou chorando agora como todo mundo que escreveu sobre você disse estar em seus próprios textos. Mas me sinto inquieta. Lidar com a morte não é meu forte, será que é o de alguém? Ainda há tabu. Ainda me assusto. Ainda tenho medo. Preciso acreditar que existe alguma coisa. Eu acredito em Deus, mas agora um pouco mais, porque algo me faz querer acreditar que vou rever você. Queria escrever nossas histórias. Queria e queria. Mas me fugiram e olha que passei os últimos dias imaginando, relembrando, revivendo os momentos. Vou tentar. Estou tremendo. Será que você pode me ler? 
 
Queria que a inspiração viesse, baixasse em mim a própria musa. E agora percebi que por enquanto é ao mundo dos vivos que pertenço e isso é estranho. O que acontece quando nós vamos embora? Há um céu e um inferno mesmo, como eu acredito e sempre disse haver para você? Na verdade, talvez seja uma falsa memória a que tenho de você descrente do mesmo Deus que eu. Ou talvez seja real.
 
Confesso que ao ir para São Paulo no último final de semana, passei por sua cidade. E toda vez que eu passava por lá, lembrava de você e do quanto você era incrível por ir e voltar todos os dias para Sorocaos para estudar e ainda fazer outra faculdade em outro período. Sempre achei que era Design Gráfico, mas, vi em seu Linkedin que não. 
 
Tiramos uma linda foto na última vez que saímos juntos. E a última vez que te vi foi sem combinar. Te encontrei no bar, te dei um abraço de urso. Você me pareceu envergonhado. Eu te abracei como se nunca tivesse deixado de te ver. Não me arrependo. Sinto saudades. Sabe, quando alguém se vai, a gente repensa na vida. Não importa quem seja, mas nesse caso, me importa. Você foi parte crucial na minha vida. 
 
Primeiro churrasco juntos foi na casa de uma colega na faculdade, que viria a ser sua amiga e apenas minha colega, com a família dela e mais alguns amigos da nossa sala. Rimos, bebemos. Sua gargalhada inconfundível - sei que não sou a primeira a falar dela, nem mesmo nesse texto é a primeira vez que a menciono. Não sei ser tão original. Mas você também tem culpa, a fez sua característica. Por que mesmo nossas vidas tinham que tomar rumos diferentes, se sua vida se cruzou com tanta gente daquela época? Culpa, aqui está ela. Nunca imaginei que você iria embora jovem assim. 
 
Esses dias, assisti um documentário chamado Quem Somos Nós? que fala sobre física quântica e dimensões. Será que você ainda existe em alguma dimensão? Sinceramente, não acredito nisso, mas que podia, podia. Traria conforto a mim, que fico. E sei que não sou ninguém para querer conforto agora. Imagine seus amigos mais próximos e seus familiares? 

Meu Deus, cadê as histórias que pairaram na minha mente nos últimos dias? Cadê o texto lindo que achei que escreveria para ti? 
 
O quão egoísta seria da minha parte se eu fizesse o que estou pensando em fazer que é ir visitar seu túmulo? Segundo minhas crenças, a pessoa falecida já não pode nos ver. Não há o espiritismo como os seguidores de Alan Kardec e Chico Xavier tendem a acreditar. Espíritos não vagam pela terra. Você não me veria. Eu não te veria. Só haveria cimento, talvez mármore, onde eu poderia me consolar. Nunca te visitei em vida, mas li seu livro sobre sua família. Já te visitei sim, numa chácara sua, depois que terminamos a faculdade. Não lembro mais em que cidade ficava. Foi lá que conheci seus familiares, seus pais e revi seu irmão. Mas nunca mais voltei, não sei se por falta de convite ou por estar ocupada demais vivendo minha vida. Aliás, o quão egoísta já estou sendo em escrever algumas de nossas memórias, algo tão nosso, íntimo, intransferível, principalmente agora que você não as pode ler? (ou pode?) 

Hoje já é um dia diferente, 7 dias que você se foi. E eu lembrei há dois dias da vez em que abriu um Burguer King aqui em Sorocaba. O primeiro, no Campolim. Depois vieram outros e costumava ser meu fast food preferido. Na época, eu jurei ao meu ex namorado que iríamos conhecer juntos. E esse segredo estava guardado a sete chaves comigo até agora: eu fui com você. Depois fui com ele e fingi surpresa, cínica. Fã de BK, você amava Whopper e foi isso que comemos, com direito a coroinha. Só eu e tu, tu e eu. Na mais pura das amizades que já vivi. Nunca mais BK vai ser igual para mim, assim como nunca mais vou ouvir Foster the People sem lembrar de você, que era um grande fã e aguardou ansiosamente o segundo álbum. 
 
Teve também a vez que te apresentei para uma pessoa muito importante para mim. E foi muito engraçado a gente zoando no Facebook sobre apagarmos nossos perfis e criarmos um com as junções dos nossos nomes. Cada sugestão de nome que eu rio só de lembrar! Você disse: “achei que não podia piorar”. Sempre piora, amigo. Agora, por exemplo, piorou de vez e, pela primeira vez durante esse texto, estou chorando. Não posso acreditar que nunca mais vou te ver e que perdi oportunidades de me reencontrar contigo em vida. Quem sabe você tiraria mais fotos minhas? Você fez isso tantas vezes. Eu ia olhar meu celular ou minha câmera e estaria lá uma foto minha distraída. Incrível sua audácia! Falando em Facebook ainda, uma vez você cortou nossa foto juntos para usar de perfil. Ficou melhor porque estou horrorosa naquela foto, assim só apareceu sua beleza. Pausa para mais um choradjênha. A gente costumava usar “dj” para enfatizar o Dinho/dinha. Tipo na palavra mais nossa cara: BALADJENHA. Também fui pesquisar seu Facebook para saber se foi uma miragem ou realmente te vi no Festival SWU. Eu acho que realmente te vi, você curtia a página do evento. 
 
E PROMETO, EM ALGUM MOMENTO VOU LER O MENINO DO PIJAMA LISTRADO. Você disse que eu ia amar. Nunca li, mas vou. Por você e pela sua memória. Em homenagem a quem você foi e se existir algum pós vida, ainda é. Descanse em paz, querido. Durma que os que aqui vivem te farão vivo. Durma enquanto não podemos nos reencontrar. Espero, se a vida for justa, que haja um lugar lindo para eu poder te dar outro abraço de urso. Que sua alma fique em paz, eterno Jojo.