terça-feira, 30 de outubro de 2018

Playlist de Halloween

Acho que depois de março (por ser o mês do meu aniversário) outubro é meu mês preferido do ano por que no Instagram, no Pinterest, no YouTube e nos blogs tudo vira Halloween. E céus, como eu amo ver fantasias, maquiagens, textos de terror e claro, músicas e playlists de Dia das Bruxas. Filmes na TV de horror também contribuem para minha felicidade de menina que adora se assustar. Uma pena aqui no Brasil a gente não ter o costume de pedir “gostosuras ou travessuras” nas casas, né? 

Em 2016 eu postei aqui uma playlist com 21 músicas de Halloween. Eu ainda amo todas aquelas músicas, mas, para esse ano, achei mais algumas e criei uma nova playlist e trouxe pra cá para poder dividir com quem também adora essa época (especialmente para quem vai fazer uma festa e precisa de dicas de músicas). 

Então aí estão as músicas, numa lista criada no Youtube e abaixo dela está a relação com os nomes e o artista para quem se interessar. Não esqueça que se precisar de mais músicas, basta clicar aqui e conferir o post com a Playlist “Em clima de Halloween” também! E se quiser saber um pouco sobre e origem das festas de Halloween e de Dia de Los Muertos, aqui tem um post falando sobre isso.


1. Happy Halloween - John Zacherle
2. Screaming Skull - The Fleshtones
3. Witch Doctor - Ray Stevens
4. Psycho a Go-Go - The Sonics
5. Walking With A Ghost - Tegan and Sara
6. Wicked Ones – Dorothy
7. Dead Alive - The Shins
8. Dusk Till Dawn – Ladyhawke
9. Nosferatu - Sunseth Midnight
10. Grown Empathy - Natsuki & Nagi (Uta no Prince Sama)
11. Spooky Scary Skeletons - Andrew Gold (Remix)
12. Baby You're A Haunted House - Gerard Way
13. Bodies (Let the bodies hit the floor) - Drowning Pool
 
Playlist de Halloween

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Os desenhos de Jamie Lee Reardin

Jamie Lee Reardin
Jamie Lee Reardin é uma ilustradora canadense que atualmente mora e trabalha em Los Angeles, formada em Comunicações e Desenho de Moda pela Ryerson University. Seus estudos foram focados em Ilustração Avançada. E olha, dá para perceber isso ao observarmos seus traços. Não é difícil de notar a qualidade e técnica de seus desenhos. 

Desde criança Jamie se interessou por personagens criados por grandes nomes como Walt Disney e Tim Burton – sua arte inclusive tem muitas similaridades com o macabro bonitinho de Burton. Seu sonho sempre foi uma carreira no ramo da animação e a primeira vez que Jamie se jogou nas artes foi justamente recriando personagens famosos como Cruella de Vil e Beetlejuice. 

As principais características de seus desenhos são pescoços longos e silhuetas magras demais para existirem na vida real. Sendo fã de Pablo Picasso e Salvador Dalí, ela também se inspira neles na hora de fazer suas criações. 

Quanto ao seu trabalho, ela já desenhou para marcas como Christian Dior, Dior Beauty, Hugo Boss, Nike, Barbie, Teen Vogue e muitos outros. A lista é realmente longa e está disponível aqui, em seu site oficial. Vamos conferir algumas de suas ilustrações? 
 Jamie Lee Reardin
 Jamie Lee Reardin
 Jamie Lee Reardin
 Jamie Lee Reardin
 Jamie Lee Reardin
 Jamie Lee Reardin
Uma coisa que se percebe bastante em vários de seus desenhos é a presença de cílios longos. Eu sou apaixonada por cílios longos em ilustrações de moda, inclusive só desenho croquis com cílios bem gigantes, por isso houve uma identificação com o trabalho da Jamie!

Para saber mais: Site Oficial | Instagram

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Making a Murderer e o caso brasileiro da Escola Base

Ano passado eu decidi assistir Making a Murderer. Primeiro veio o choque em conhecer a história de Steven Avery, que vou contar mais abaixo. Depois, me solidarizei com ele. Por último, comecei a refletir sobre Jornalismo e me lembrei do caso Escola Base. Aqui, fiz uma análise entre os dois casos e explico o porquê não gostei dessa série.

ATENÇÃO: contém spoilers da 1ª temporada da série Making a Murderer

Making a Murderer 

Making a Muderer, Steven Avery
Steven Avery na época de sua prisão injusta

A série do Netflix documenta a história real de Steven Avery, morador do condado de Manitowoc, em Wisconsin, preso em 1985 acusado de tentativa de assassinato e agressão sexual. Ele passou 18 anos preso injustamente, até que novas provas concluíram que o responsável pelo crime, na verdade, foi um homem chamado Gregory Allen, que ficou solto por todos os anos em que Avery permaneceu preso. Steven moveu um processo contra as autoridades do condado, a fim de reparar os danos sofridos e evitar que outras pessoas fossem presas injustamente. Mas então, uma fotógrafa, chamada Teresa Halbach foi assassinada e seus restos mortais foram queimados e encontrados no ferro-velho Avery ao lado do trailer onde Steven morava. Além disso, ela comprovadamente esteve no ferro-velho fazendo uma reportagem fotográfica naquele dia. Avery foi preso e condenado à prisão perpétua por isso, enquanto se declara inocente. Uma das principais provas veio de seu sobrinho Brendan Dassey, que confessou ter ajudado o tio no crime. Nos vídeos das entrevistas dos investigadores com Dassey, vemos claramente que ele é uma pessoa mentalmente abalada. Seus advogados dizem que ele é portador de deficiências cognitivas.
Tudo aponta, na série, para que Avery novamente tenha sido acusado falsamente, com uma provável armação das autoridades contra ele. 

Mas, sempre tem um “mas”

A série é tendenciosa. Não quero com isso dizer que Avery é culpado, ele pode sim ser inocente. Aliás, o princípio básico de todo julgamento é partir do ponto de que o acusado é inocente, até que se prove o contrário. Só que, ao assistir a série, pessoas não familiarizadas com o jornalismo investigativo podem não enxergar o quanto o programa é parcial. Temos que ter em mente o seguinte: o julgamento foi longo e, mesmo em 12 episódios, não foi mostrado na íntegra. Não sabemos o que convenceu os jurados de que Avery era culpado. Não sabemos se de fato houve manipulação. O que mais confunde aqui é o que não é mostrado! As cenas são editadas em sua maioria para mostrar as partes do julgamento que favorecem Avery e torna o lado do acusador um verdadeiro vilão a ser combatido. 

A cobertura da mídia em casos criminosos pode ser perigoso

Um documentário em formato de série que põe um lado como superior ao outro pode nos enganar. As cenas não foram montadas, tudo que aparece lá realmente aconteceu. Mas elas foram editadas: foram selecionadas apenas as partes necessárias para montar uma defesa para Avery. Temos que desconfiar daquilo que não vemos. Quando um lado é menosprezado em prol do outro, há uma parcialidade, ou seja, é “puxado sardinha para um lado”, o que pode nos convencer de algo que não é real. Já ouviram falar no caso da Escola Base?

O Caso Escola Base 

Escola Bse notícia
Uma das manchetes da época, noticiando o caso da Escola Base

Em setembro de 1992, os casais Icushiro Shimada e Maria Aparecida Shimada e Paula Milhin de Monteiro Alvarenga e Maurício de Monteiro Alvarenga se associaram e compraram uma pequena escola, com apenas 17 alunos matriculados, localizada no bairro da Aclimação, pertencente ao distrito da Liberdade, próximo ao Centro de São Paulo. Juntos, eles investiram em melhorias para a escolinha, com trabalho recompensado: no início de 1994, apenas dois anos depois da compra, a escola já contava com 72 alunos. 

No dia 27 de março de 1994 surgiu uma denúncia contra os dois casais e mais duas pessoas, acusando-os de abusar sexualmente de crianças de apenas quatro anos, estudantes da escola.

Como as denúncias ocorreram

Lúcia Eiko Tanoue Chang brincava com seu filho de quatro anos quando ele começou a fazer movimentos sexuais. A mãe questionou a atitude do filho que, embora relutante, confessou que tinha visto isso em um vídeo na casa de outro coleguinha, filho do casal Saulo e Mara da Costa Nunes. Mas quem tinha levado a criança até a casa? O pequeno disse que tinha ido durante o horário de aula, numa Kombi dirigida por Icushiro. A criança ainda contou que ele e outra amiguinha, filha de Cléa Parente de Carvalho, tinham sido fotografados sem roupa pelos donos da Escola Base. Lúcia e Cléa então prestaram queixa contra os três casais na 6ª Delegacia de Polícia, na zona sul de São Paulo. O delegado de plantão no dia ordenou uma busca, que foi infrutífera, no apartamento de Saulo e Mara. Lúcia e Cléa, indignadas com o resultado, procuraram a imprensa e expuseram o caso. O Jornal Nacional foi o primeiro meio de comunicação a noticiar, no dia seguinte, que seis pessoas eram acusadas de promover orgias infantis. A imprensa brasileira, sem apurar o caso, condenou os acusados antes de eles terem a chance de depor para a polícia.

Uma rápida análise sobre a cobertura midiática no caso Escola Base

Meios de comunicação decidiram publicar o caso no melhor estilo “diz-que-me-diz”, sem investigação nenhuma, cobrindo-o com sensacionalismo. Outra surpresa caiu nas mãos de repórteres de todo o país: o resultado do exame feito pelo IML em uma das crianças, dizia que ela tinha lesões no ânus que eram compatíveis com a prática de atos libidinosos. Mais notícias acusadoras surgiram. Só que, em poucos dias, o IML falaria novamente, afirmando que os exames na verdade tinham dado inconclusivos e que as lesões poderiam vir de algum problema intestinal. Não houve apuração jornalística nenhuma, a primeira nota do IML e as afirmações precipitadas do delegado responsável pelo caso foram suficientes para a imprensa condenar os acusados.
Somente no final de junho começaram a surgir matérias na mídia que assumiam que não haviam provas suficientes para condenação. Na parte jurídica as acusações foram apontadas como infundadas. Mas daí o inferno na vida dessas pessoas já estava feito: a escola foi depredada e teve que ser fechada, as casas dos suspeitos também foram destruídas, os acusados foram ameaçados de linchamento e morte, tendo de se esconder como fugitivos. Anos depois, todos tiveram algum problema de saúde por causa de todo o sofrimento que passaram e até hoje não receberam toda a indenização a que tem direito.
Aqui ocorreu o contrário do caso Avery – que foi colocado como inocente pela mídia (no caso, o documentário). Na Escola Base, seis pessoas foram acusadas sem prova nenhuma pelos jornais brasileiros. Da mesma forma, a sardinha foi puxada para um lado só, percebem? 

CONCLUSÃO

Embora a série traga a presunção da inocência para Steven, é muito perigoso mostrar apenas um lado da história. Notícias que surgiram depois do lançamento da série nos mostram a ex noiva de Avery dizendo que ele não é inocente e que atuou no documentário, inclusive. Não sabemos o porquê dela ter dito isso, nem a verdade, mas o pouco espaço para a acusação de Avery nos faz acreditar cegamente na inocência dele.

No segundo caso, condenaram os inocentes também sem ouvirem seus lados na história, destruindo suas vidas. Paula, a professora, nunca mais conseguiu emprego na área que amava. Ela sofre com depressão e se separou de Maurício Alvarenga, que sofreu com Síndrome do Pânico e tinha medo de sair na rua. Icushiro Shimada faleceu em 2014 após um infarto. Sua esposa, Maria Aparecida, faleceu em 2007, vítima de câncer. Ambos morreram sem receber toda a indenização que esperavam. Saulo e Mara Nunes enfrentaram muitos problemas financeiros por conta da contratação de advogados.

Esses são os perigos de se expor apenas um lado do caso, de ser parcial em casos de crimes reais. Nós não sabemos se Avery é inocente ou não. O fato aqui é que ele foi condenado e nós sabemos que a série, nem se demonstrasse inclinação para cobrir todos os ângulos, teria tempo suficiente para isso. São 30 anos de história! Hoje, a Netflix lançou a segunda temporada da série, mesmo assim não há tempo para cobrir tudo que se precisa.

Vidas são destruídas por causa da imparcialidade da mídia mundial. Enquanto jornalistas e editores não se atentarem para corrigirem dentro de seus veículos falhas como essas, somos nós, consumidores de todos os tipos de veículos de comunicação, que devemos questionar todos os ângulos de uma história. Antes de acreditar cegamente na nossa mídia, está na hora de questionarmos ela.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

Esquadrão da Moda e a perda de identidade

Stacy London na época em que apresentava What Not to Wear
Stacy London na época em que apresentava What Not to Wear
Sempre que posso eu relembro aqui que moda não é sobre seguir tendência e se aprisionar a um monte de regras para esconder suas imperfeições. Moda é para ser divertida, para expressar quem você verdadeiramente é. Um profissional de consultoria de moda, por exemplo, vai ter auxiliar a coordenar as peças que você já tem no seu guarda-roupa com novas que você precisa de acordo com sua personalidade e estilo de vida, aliados com seus objetivos e sua realidade (por exemplo, você trabalha em academia e tem também uma vida fitness. Não faz sentido ter em seu guarda-roupa mais roupas de balada, que você só vai um dia no final de semana, do que de academia, certo?). Nunca um profissional de consultoria vai fazer como naqueles programas de estilo, tipo Esquadrão da Moda, onde todas as peças de roupa da pessoa são jogadas fora. Não, gente, para, aquilo é entretenimento, isso aqui é vida real!

Stacy London, por exemplo, foi apresentadora de um programa chamado What Not to Wear, com a mesma pegada de Esquadrão da Moda (inclusive, ele foi transmitido no Brasil com esse nome na tradução pelo canal Discovery Home and Health). Assim que deixou de apresentar o programa, em 2017, Stacy refez seu estilo. Ela disse que não aguentava mais usar certas peças de roupa: “Depois de dez temporadas de What Not to Wear, eu cansei dos vestidos com silhueta A, saia lápis, tops florais e saltos altos. Aquilo não combinava comigo quando eu não era a Stacy em frente às câmeras, mas eu sentia a pressão para aparecer daquele jeito no geral”. Percebe a prisão em que ela estava para estar em um programa onde supostamente ela ajudava as pessoas a encontrarem seus próprios estilos? Ela comenta, em certo ponto de uma entrevista que deu ao Man Repeller, que “Seria bobo pensar que meu estilo ficaria estático”. E é verdade, ninguém fica com o mesmo estilo sem sofrer mutações por tantos anos, as pessoas mudam, suas vidas mudam, seus estilos às acompanham, simples assim. 
Stacy London pós What Not to Wear em ensaio para o Man Repeller - mais livre para vestir o que quiser
Stacy London pós What Not to Wear em ensaio para o Man Repeller - mais livre para vestir o que quiser

O grande problema desses programas é que, ao jogar fora todas as roupas das pessoas sem tentar reaproveita-las em novos looks eles jogam fora junto toda uma história, tanto da peça, quanto da própria pessoa que a usa, toda sua identidade exteriorizada, tudo o que ela quer dizer pro mundo.

Acho assim: tudo bem querer se vestir melhor, se sentir mais adequada com a vida que se leva. Mas a maioria dos participantes desses programas não querem realmente isso e são convencidos a se moldarem ao que os outros querem, sejam amigos, sejam familiares. Fora os julgamentos que eles passam antes da transformação. Eu não assisto mais esse tipo de programa, mas da última vez que vi eles eram cruéis, mexiam com o psicológico do participante. A estética das roupas de qualquer um pode mudar e evoluir sim, mas levando em consideração o que a pessoa gosta, se ela quer e o quanto quer mexer no próprio armário e sem jamais ferir a autoestima da pessoa para incitá-la a mudar.

A moda é uma linguagem. Se você vir os posts de história da moda daqui do blog facilmente vai identificar através das fotos de pessoas trajando seus vestuários os períodos históricos aos quais pertencem. O mesmo vale para um indivíduo. O que você veste, mesmo que inconscientemente, expressa quem você é, fazendo facilmente você ser reconhecido assim. Tirar todas as roupas que uma pessoa possui é como tirar parte de sua história de vida, por isso critico tanto o método utilizado nesses programas. Isso se torna pior quando a pessoa tem um estilo pré definido e alternativo, como acontece em culturas que cultuam o período gótico ou o punk, por exemplo. Tirar delas essa representação é tirar o direito de poder se expressar de acordo com aquilo que ama e acredita, percebe a gravidade? Sobre isso, lembrei desse texto de 2014 do Moda de Subculturas que explica muito bem essa questão da moda nesses programas com o adendo do viés alternativo. Vale a pena conferir.

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