sexta-feira, 31 de março de 2017

Playlist: músicas para beber



faz 84 anos que não posto uma playlist aqui nesse blog. Mas hoje vim com uma das boas, embora  eu não beba mais (pois: velhice chegando, qualquer gole de álcool faz meu estômago revirar). Lembrado que beber com moderação é o melhor jeito de aproveitar e o principal: se beber chame um Uber! Nunca, jamais dirija. 




1 - Até o Último Gole - Terra Celta

“Quando as canecas se chocam, cerveja se espalha no ar. Quando as canecas entornam, o mundo começa a girar. Qualquer bêbado amigo aqui é meu irmão! Até o último gole, até cair no chão"

2 - Estamos Todos Bêbados – Matanza

“Nós estamos todos bêbados, bêbados de cair e todos que não estiverem bêbados deem o fora daqui”

“Tanta sabedoria e prática além do comum dizem que se atribuía a várias garrafas de rum”

“O açougueiro sem dedo que trabalhava no cais passava o dia fazendo piada da falta que o dedo lhe faz. Dizia com riso amarelo: ouça bem meu rapaz, ao trabalhar com o cutelo nunca beba demais”

3 - Whiskey In The Jar - Metallica

“Musha rain dum a doo dum a da, whack for my daddy-o, there's whiskey in the jar-o”

4 – Champagne – Sugarcult

“All I can taste is champagne. Another day down the drain, sleeping around and around”

5 – O Gênio da Garrafa – Velhas Virgens

“Envelhecido em barris de carvalho desde o início dos tempos, eu sou o gênio da garrafa e você tem direito a três desejos, pode dizer o primeiro pr'eu começar. Mas só atendo pedido de quem vira sem babar”.

6 – Cold Gin – Kiss

“Oh, it's cold gin time again, you know it'll always win”

7 – Tequila – The Champs

8 – Summer Wine - Nancy Sinatra and Lee Hazlewood


“Strawberries, cherries and an angel's kiss in spring, my summer wine is really made from all these things”

9 - Eu bebo sim – Velhas Virgens
“Eu bebo sim, eu tô vivendo! Tem gente que não bebe e tá morrendo”

“Tem gente que já tá com o pé na cova não bebeu e isso prova que a bebida não faz mal”

“Bebida não faz mal a ninguém, água faz mal à saúde”

10 - Roadhouse Blues – The Doors

“Well, I woke up this morning and I got myself a beer”

11 – Beer - Reel Big Fish

“If I get drunk well, I'll pass out on the floor now, baby”

12 – Music Is My Hot Hot Sex – Cansei de Ser Sexy
“From all the drinks I get drunk of music”

13 - Beer 30 - Reverend Horton Heat

“Party! Get naked! Buy us beer!”

14 - An Irish Pub Song - The Rumjacks

“Whale, oil, beef, hooked! i'll up & burst yer filthy mug, if you draw one more shamrock in me beer!”

segunda-feira, 27 de março de 2017

Apanhado de Links #12




  1. Como educamos mulheres para sofrer — uma reflexão sobre feminilidade e amor” é um texto que nos explica sobre como a sociedade faz parecer que um menino brigar com uma menina na escola é sinal de amor. Logo, criamos meninas que acreditam que “tapinha de amor não dói”. Um alerta de que precisamos mudar a maneira como educamos nossas crianças.
  2. Ah, mas isso não é machismo” é melhor texto que já li escrito por um homem, sobre mulheres. Acho legal eles tentarem compreender, de alguma forma, nossos problemas. Partindo do princípio de que, infelizmente, homens ainda não leem muitos textos escritos por mulheres, ter um deles escrevendo sobre nossos problemas me parece uma boa ajuda.
  3. Mesmo que nós, mulheres, sejamos a maioria entre gamers brasileiros (52,6%) ainda sofremos muito preconceito em jogos online. Isso leva muitas meninas a criarem personagens masculinos dentro dos jogos. Leia mais sobre o assunto em “Maioria entre gamers no Brasil, mulheres enfrentam preconceito e assédio”.
  4. Sister Rossetta Tharpe chacoalhou o mundo com sua guitarra muito antes de Elvis tirar as fraldas. Conheça a guitar hero” – título autoexplicativo. Por favor, conheça essa mulher maravilhosa!
  5. O que vai acontecer quando a rainha da Inglaterra morrer” foi o texto mais bizarro que li nos últimos dias. É muito estranho esse negócio de ter seu funeral preparado como se você fosse morrer no instante seguinte. Me senti culpada por ter brincado de “a ponte de Londres está caindo”, porque agora parece que eu estava constantemente cantando que “a rainha da Inglaterra está morrendo”. Os ritos foram bem descritos nessa matéria, eu até consegui sentir uma tristeza de imaginar esse dia chegando. Vida longa à rainha Elizabeth!
  6. Resistir, persistir, existir” da Revista Trip me fez ter fé novamente na indústria da moda. Me parecem indícios de que a moda finalmente se abriu para ideias coerentes, como sustentabilidade e visibilidade. O subtítulo nos entrega: “É possível estar no São Paulo Fashion Week e fazer críticas à indústria da moda de forma amistosa”. Vale a pena conhecer também os projetos listados!
  7. Os 10 erros mais comuns de brasileiros ao falar inglês - e dos nativos de inglês ao falar português” me fez entender um pouquinho sobre as dificuldades de estrangeiros aprendendo nossa língua. Também serve para aprendermos algumas dicas de pronúncia.
  8. Outra lista boa é a de “10 Histórias em quadrinhos aterrorizantes!”. Já quero ler todas.
  9. Women Photograph: war, weddings and nightclub queues” – que mulher nunca, durante a faculdade de Jornalismo, assistiu “O Resgate de Harrison” e quis dar o sangue na profissão e ir fotografar guerras? Eu já... e essas fotos comprovam que mulheres fotojornalistas são incríveis!
  10. Essa timeline personalizável da Atlantic permite que você veja a história a partir da sua data de nascimento.

domingo, 19 de março de 2017

Antes e depois de alguns ídolos dos anos 2000

Quem não era emo nos anos 2000, não é mesmo? Já podemos admitir, isso já faz parte de um passado de mais de dez anos! Já chegou a hora da gente fazer valer aquela comunidade do Orkut “e eu, que fui emo?”. O tom desse post vai ser bem informal porque se você, como eu, viveu os anos 2000 nessa onda do emo, conhece muito bem todas as pessoas aqui citadas (e mesmo que você não tenha sido emo, deve conhecer também).

Vamos começar pelos moços do Shut Up, a banda Simple Plan. Pierre Bouvier, o vocalista, dormiu no formol esse tempo todo e continua com a mesma carinha jovem (não que ele seja velho!). A diferença é que hoje em dia, em vez de namorado, ele é marido de Lachelle Farrar. E tem duas filhinhas tão fofas que chega a doer. ♥ 
Não resisti e tive que colocar foto das filhinhas maravilindas do Pierre.

David Desrosiers, meu ídolo supremo daquela época, largou seu cabelinho emo de lado e hoje está uma pessoa totalmente normal. Alguma coisa nele me lembrou do Bono Vox, mas não sei porquê.




Seb Lefebvre continua um homão da porra. Jeff Stinco continua sem cabelo. Já Chuck Comeau está com menos cabelo (e entradinhas mais aparentes). E Patrick Langlois, o sexto membro, tá bem melhor hoje em dia, como as fotos comprovam.

 


Passando para o Good Charlotte, os gêmeos Madden estão tão idênticos hoje em dia que não consigo mais diferenciá-los. O Joel permanece junto com Nicole Richie, outra ídola da época.






Pulando para os amorzinhos donos de Helena, My Chemical Romance, Gerard Way ainda tem o mesmo cabelo. Me permitindo totalmente julgar pelo instagram dele, virou bem nerd. Quero ser amiga dele.



O cobiçado Frank Iero faz shows com sua nova banda que nunca será MCR e se aproxima de um ser humano igual a todos os outros, com exceção do cabelo, que continua meio diferentão.




McFly, os ingleses donos do meu coração (depois dos Beatles, claro), não tiveram mudanças drásticas. Tom emagreceu mais, está casadíssimo com a Gio maravilhosa e tem dois babies com ela. Ele faz vídeos incríveis e viralizou com seu primeiro filho há algum tempo.


Danny Jones finalmente sossegou o facho e casou com a Georgia. Falando em finalmente se casou, Harry e Izzy também passaram a união para o papel e tiveram um filho juntos. Dougie... bem, Dougie continua solteiro e está a cara de Kurt Cobain.






Brendon Urie do Panic! At the Disco conseguiu ficar mais bonito. O tempo faz muito bem para algumas pessoas, precisamos admitir.



Falando no Panic!, lembrei inevitavelmente do Fall Out Boy e do vocalista Patrick Stump. Ele emagreceu tanto que nem reconheci quando o revi pela primeira vez. Não entendo todos esses gordinhos lindos da música emagrecendo. O corte de cabelo melhorou muito, convenhamos.




Bert McCracken do The Used é uma pessoa estranha sem instagram. Se levarmos em conta só o cabelo, podemos dizer que ele se transformou em outra pessoa.




Jared Leto, do 30 Seconds to Mars, depois de interpretar o Coringa, deixou a barba crescer. Mas a gente entende, tá na moda parecer mendigão, tipo o Luan Santana aqui no Brasil.




Bônus ~~~~

Falando em mendigão, vocês já viram essa barba do M. Shadows do Avenged Sevenfold? Não posso falar muito da diferença deles de hoje em dia para os anos 2000, porque nunca deixei de acompanha-los e eles são minha banda preferida desde meados da década passada. Mas ainda bem que aqui temos um ser que engordou, em vez de emagrecer: Zacky Porpeta Vengeance. Johnny Christ é outro que tinha adotado a linha mendigão nas sessões de estúdio de The Stage, mas já voltou ao seu normal (thanks, God!). No meio dessa barba toda tinha meio metro de pessoa, gente!








E Synyster Gates, embora tenha envelhecido visivelmente, continua sendo o ser mais incrível e lindo do universo (agora que já sabemos como os ETs se parecem, podemos afirmar isso). Aliás, logo logo teremos uma versão mini dele, porque Michelle DiBenedetto, sua esposa, está grávida. Vale lembrar que ela é gêmea da mulher do Shadows, que já tem duas crianças maravilhosas juntos.





Shadows com sua mulher Valary DiBenedetto e seus dois filhos fofos! Num futuro distante eles podiam se casar com as filhas do Pierre, né?






E se é prafalar sobre bandas que nunca deixei de acompanhar, lembrei de mais um maravilhoso que engordou em vez de emagrecer, David Draiman uh ah ah ah ah, oh, oh, do Disturbed. Vou fazer a Gloria Pires e dizer que “não posso opinar” sobre John Moyer, desconfio que ele também tenha dormido no formol. Já sobre Dan Donegan e Mike Wengren eu posso falar que cortaram os respectivos cabelos. Obviamente, todos eles envelheceram desde o início dos anos 2000 até agora, assim como todos nós que os conhecemos naquela época. Mas os anos passaram e passaram e eu ainda amo Disturbed e Avenged Sevenfold. Comecei a ouví-los há cerca de 12 anos e são os únicos que levo até hoje comigo (E aposto que vou levar pro resto da vida). PS.: Tá, confesso que ainda ouço McFly.





sexta-feira, 10 de março de 2017

Mini overdose de Os Bórgias

Esse ano maratonei a série The Borgias, originalmente lançada pela Showtime, presente no catálogo da Netflix. A história gira em torno de Rodrigo Bórgia, o espanhol que se tornou o Papa Alexandre VI, e de seus quatro filhos: Juan, Cesare, Lucrécia e Jofre. Além deles, outros personagens em destaque são suas duas amantes Vanozza dei Cattanei, mãe de seus filhos, e Giulia Farnese. Entre incestos, corrupção, guerras e alianças, a série viaja pela história daquela época romana e mostra os bastidores da vida do pontífice. Os figurinos chamam a atenção, destacando características da renascença. Por causa disso, pesquisei mais sobre as vestes papais e reuni tudo em um artigo para a obvious magazine, que você pode ler clicando abaixo:

Rodrigo Bórgia

Através dessa pesquisa, meu interesse no assunto aumentou mais. Então descobri da existência da história em quadrinhos Bórgia, escrita por Alejandro Jodorowsky e ilustrada pelo italiano Milo Manara, famoso no ramo erótico. São quatro edições: 1 – Sangue Para o Papa, 2 – O Poder e o Incesto, 3 – As Chamas da Fogueira e 4 – Tudo é Vaidade. Claro que fui atrás e li todas. Recomendo fortemente, inclusive. Mas um aviso: há situações pesadíssima, que impactam, embora tenha muita coisa que não condiz com a realidade.

HQ Os Bórgias




Depois da HQ, engatei também com a leitura O Príncipe, de Nicolau Maquiavel. Há anos tenho esse livro, mas só parei para ler agora e acho que foi o momento certo, pois entendi todas as referências. Ele cita muitas vezes o Papa Alexandre VI e toma como exemplo Cesare Bórgia e suas conquistas. Há quem defenda que o livro foi totalmente escrito inspirado pelo filho do Papa. O escrito é de 1513, mas continua extremamente atual. É possível visualizar a situação política de hoje nos exemplos de Maquiavel. A edição que tenho é comentada por Napoleão Bonaparte e essa é única parte chata de ler, porque ele fez anotações extremamente prepotentes, sempre se achando invencível e exemplar.

O Príncipe, de Maquiavel
 
Maquiavel, inclusive, aparece na série Os Bórgias, interpretado por Julian Bleach.

PS.: Não quero furar novamente minha lista de leituras, mas já fiquei sabendo de um livro chamado Bórgia - O Papa Sinistro, de Volker Reinhardt, que eu preciso ler!  

terça-feira, 7 de março de 2017

Apanhado de links #11

  1. Entre as várias pinups magras dos anos 1950, Hilda tinha curvas mais voluptuosas. “Série de ilustrações vintage revela Hilda, a pin-up plus size dos anos 50” traz algumas imagens criadas por Duane Bryers.
  2. Se você é que nem eu e gosta de ler sobre histórias de crimes, vai curtir esse texto “De virgens a helicópteros, os ritos mafiosos” sobre a mafia.
  3. Já se passaram alguns dias do fim do carnaval, mas será que você já se livrou de todo o glitter acumulado? Nesse link, entre as “9 coisas que talvez você não saiba sobre o glitter”, você confere dicas de como tirá-lo do corpo, rosto e cabelo. De quebra, ainda descobre como são fabricados e um pouco da história desses brilhinhos.
  4. E se você ainda não superou o carnaval, uma matéria que dá dicas de como começar bem o ano, que para nós, brasileiros, se inicia após essas festividades: “Comece o ano leve após o Carnaval: aprenda técnica de meditação em 5 passos”. Eu testei e aprovei, porém, como apaixonada por meditação (em especial mindfullness) sou meio suspeita para falar.
  5. Ainda sobre desacelerar nesse ‘começo de ano’: “23 FORMAS SIMPLES DE CONTROLAR O CÉREBRO E ACALMAR A MENTE!”.
  6. E nessa vibe de ficar bem relax, “Como controlar a ansiedade?” um texto falando sobre uma técnica chamada A.C.A.L.M.E.-S.E que eu simplesmente amei!
  7. E já que estamos nesses papos mais zens, que tal se conhecer melhor se você tiver uns dólares sobrando (o que, infelizmente, não é meu caso). “Testes de DNA a 120 dólares no Silicon Valley para saber como sou” só me fez ficar na vontade, principalmente para saber quais são todas as minhas descendências.
  8. Confesso que eu não sabia o que era “bootleg” até ler sobre “A história do maior bootlegger do Brasil”. Spoiler: são gravações de shows, feitas com aquelas câmeras gigantes, quando nem sonhávamos com os DVDs.
  9. A moda e a história se cruzam em todos os momentos. Que delícia é ler esse texto “Do cangaço à passarela” e pensar que nossas brasilidades podem inspirar bem mais que a última novidade europeia, né?
  10. Tava faltando eu falar de notícias falsas hoje. Mas só pra ter uma noção do quanto isso é prejudicial, fica aqui um link com “As mentiras que mudaram a História”.
  11. Lembra da foto polêmica de um vestido que ninguém conseguia afirmar se era branco ou azul? O texto "Se esta imagem não tem nenhum pixel vermelho, por que os morangos estão vermelhos?" mostra outra foto polêmica e explica sobre a constância cromática, que é o que nos faz enxergar as cores ainda que elas não estejam alí.

domingo, 5 de março de 2017

O design influenciador de Susan Kare

Interface do Macintosh, criada por Susan
Quando você vê um símbolo de disquete na tela de um computador, aposto que a primeira associação que faz é com “salvar”, certo? A americana Susan Kare, nascida em 6 de abril de 1954, concorda com esse pensamento. Tanto é que quando trabalhou para a Apple, a partir do ano de 1983, foi exatamente isso que ela fez: criou o disquete pixelizado para a ação de salvar, além de outros tantos ícones que hoje nós associamos facilmente à sua funcionalidade. Mas nem só de ícones é feita sua carreira. A designer gráfica, bacharel em Arte e PhD em Filosofia, também foi responsável pela criação das primeiras fontes usadas pelo sistema operacional Macintosh, da Apple. Dentre as mais famosas fontes, estão: Chicago (que apareceu até a terceira geração do iPod!), Geneva e Cairo.

Foi também pioneira na pixel art, fazendo seus desenhos com o mínimo de pontos possíveis, sem permitir a perda de conceitos.

Seu trabalho inspira até hoje outros designers. Os programas da Adobe, como o Photoshop e o Illustrator, beberam muito da fonte de Susan nos ícones das ferramentas de edição (laço, mão, lata de tinta) e na lata de lixo. 

"Happy Mac", também criado pela designer.
Outro grande feito foi o computador sorridente da abertura do Macintosh, chamado de “Happy Mac”, que durou até o Mac OS X 10.2, antes de ser substituído pelo logotipo da maçã.

Sua curta carreira na Apple durou até 1985. De lá, Susan foi trabalhar na NeXT, também conhecida como NeXT Computer, outra criação de Steve Jobs. Kare foi responsável pela interface do sistema operacional NeXTStep. Ao mesmo tempo, a designer fazia freelas para grandes indústrias como Microsoft e IBM. É de sua autoria a estampa das cartas do jogo Paciência (Solitário) do Windows 3.0 e o ícone do programa Bloco de Notas. 
Interface do jogo de cartas Solitário, criada por Susan para a Microsoft.



Você pode saber mais sobre ela em seu site oficial ou comprar impressões com seu ícones nesse link.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Como ler poesia?


Eu nunca fui muito fã de poesia, nem se quer arrisquei ler muitas nos meus vinte e tantos anos de vida, mas agora consigo pelo menos entender o por quê disso. Tirando algumas exceções, como “O Corvo” de Edgar Allan Poe, meu consumo desse tipo de conteúdo é praticamente nulo. Em partes, porque pouco entendo. Sempre achei que precisava-se ter uma vasta bagagem para conseguir compreender alguns versos, que isso era tarefa para poucos, que eu jamais entenderia as referências e até pensei que “não tenho alma de poeta para entender outro poeta”. Até que me deparei com uma ideia de que a poesia tem mais a ver com sentir, não com necessariamente entender tudo que está escrito e isso ficou guardado na minha mente. Eu sempre coloquei empecilhos para ler esse gênero, porque achava que teria que parar em cada palavra, pesquisar a vida do autor, entrar na mente dele, ler várias interpretações, para então fazer sentido. Ou seja, eu tirava todo e qualquer prazer que pudesse ter com esse tipo de leitura. Aí é como ler livro obrigado na escola: a gente pega birra mesmo.

Esse ano surgiu em minha caixa de entrada essa edição da newsletter Cartinha de Banalidades, escrita pela Stephanie Borges, onde a autora diz que “Chegamos ao ponto de haver pessoas que consideram não saber ou não conseguir ler poesia, e acho que muito disso é culpa da escola. Fala-se da poesia como gênero literário, figuras de linguagem e interpretação de texto mas não como uma ferramenta para lidar com a vida.” Foi como se eu fosse autorizada a ler poesia sem me preocupar com estudar tudo que envolve um verso, antes de saboreá-lo.

Fiquei com essas palavras ecoando em minha cabeça. O fato de eu sempre ter gostado de O Corvo, é porque muito li sobre ele e sobre seu autor (Poe!) e consegui entender tudo escrito alí. Claro que ainda sobrou espaço para sentir aquelas palavras, mas não foi de primeira que consegui. Me custou mais de uma leitura atenta. Confesso que a primeira vez, não fez muito sentido. E acho que minha paixão por esse poema tem muito a ver com tudo que acumulei sobre ele. Mas eu jamais conseguiria gostar de poesia se eu tivesse que fazer isso com todo poema lido.


Outro texto poético que mexe comigo é “O Uivo” de Allen Ginsberg, que em partes devo ao filme, que o ilustrou muito bem, aumentando minha compreensão. Fora esses, ainda guardo no coração alguns escritos mais conhecidos, como os que estudamos na escola, ou que me chamaram a atenção por algum verso e eu busquei disseca-lo, com mais leituras acerca, como é o caso de “Navegar é preciso”, de Fernando Pessoa. Ano passado, me apaixonei por Reverência ao Destino por culpa de (pasmem) uma citação do Padre Marcelo Rossi. Quando escrevi sobre “solidão” para a obvious, acabei lendo alguns poemas sobre o tema que gostei e citei os versos aqui. Em 2015, li “Um útero é do tamanho de um punho”, livro de poesias da Angélica Freitas e confesso que naquele momento cresceu um desejo de consumir mais poesia, mas que vinha acompanhado de medo.

A decisão, esse bicho muitas vezes atrasado, só veio mesmo nesse 2017, depois de ler essa edição de No Recreio, newsletter escrita por Anna Vitória Rocha, citando o poema Sob Uma Estrela Pequenina, de Wislawa Szymborska. Que poema, gente! Eu me lembrei daquela coisa sobre sentir o texto porque foi exatamente isso que me aconteceu: eu consegui sentir. E aí sim fez mais sentido do que se eu tivesse sentado e procurado a biografia completa de Szymborska ou se tivesse pesquisado a etimologia de cada palavra.

Depois disso, fui procurar nos meus livros e encontrei Baladas, da Hilda Hist. Juntando com a minha meta para esse ano de ler mais mulheres e mais autores brasileiros, o livro caiu como uma luva, tanto é que ele furou minha fila de leituras. E pela primeira vez, eu me permiti sentir, antes de me preocupar em entender. De escrita fácil, Hilda nos presenteia nesse livro com poesias que falam com a alma. A identificação que rolou com sua escrita foi maravilhosa e eu queria mesmo que mais pessoas sentissem isso.


Vejam bem, não estou defendendo que paremos de interpretar textos, de pesquisar referências, de entender mais sobre o universo do autor. Mas assim como começamos a ler livros mais leves na infância para depois evoluir para os de teoria, por exemplo, acho que gostar de poesia pode ser assim: começando com palavras simples que te toquem e depois, se realmente despertar interesse, passar para os mais “pesados”, com palavras difíceis, cheias de particularidades. E tudo bem ler um poema e interpretar totalmente diferente do que se esperava. A graça pode estar justamente aí: o autor planejou x, mas você encontrou antes o y. Depois você pode descobrir as reais intenções e tudo pode ficar mais claro! Assim como uma professora que tive na faculdade nos disse (e eu nunca esqueci), se te fez sentir algo, a arte cumpriu o seu papel. Vai ver o papel da poesia também é esse: te fazer sentir.

É cedo ainda para dizer que agora gosto de poesia, mas quero deixar claro que minhas tentativas com o gênero só começaram. Espero em breve voltar para contar sobre como me apaixonei por poemas e afins.

Enquanto isso, fiquem com o link de um dos meus poemas preferidos de Hilda em Baladas, que postei aqui. E só pra dar mais um gostinho bom, mais uns versos dela pra finalizar:

Me fizeram de pedra
quando eu queria
ser feita de amor.
 
(Hilda Hist)

quarta-feira, 1 de março de 2017

Um poema de Hilda Hist

 
O que nós vemos das coisas são as coisas.
(Fernando Pessoa)

 As coisas não existem.
O que existe é a ideia
melancólica e suave
que fazemos das coisas.

A mesa de escrever é feita de amor
e de submissão.
No entanto
ninguém a vê
como eu a vejo.
Para os homens
é feita de madeira
e coberta de tinta.
Para mim também
mas a madeira
somente lhe protege o interior
e o interior é humano.

Os livros são criaturas.
Cada página um ano de vida,
cada leitura um pouco de alegria
e esta alegria
é igual ao consolo dos homens
quando permanecemos inquietos
em resposta às suas inquietudes.

As coisas não existem.
A ideia, sim.

A ideia é infinita
igual ao sonho das crianças.
(Hilda Hist)